domingo, 27 de maio de 2012


Viver apenas de momentos alegres é um suicídio.
Meu pé de valsa calça um coturno, você tem medo de mim por isso?
Eu não sou menos homem por amar e fazer algo tão colorido.
Minha felicidade é diante de uma vida toda.

Eu sou brasileiro e de pele negra.
Eu subo o morro ao som de samba.
Eu me sinto diferente onde moro, mas também não nego a minha raiz.
Eu fico sem camisa na rua e jogo futebol toda sexta.

Tem medo de mim?
Claro que não! Você adora esse perigo das vielas que existem onde moro.
Você adora essa loucura do morro.
E contempla meu sangue de preto.

Então minha nêga, não negue o que sinta por mim.
Não negue que seu sangue tem cor de tinta de caneta e que mancha a mão de quem alisa seu corpo.
Minha nêga, não esqueça que eu estou aqui contigo.

Vamos pegar o cavaquinho e tocar mais uma canção de amor.
Ah preta, vamos sambar em cima da laje.
E daqui da laje vamos ver o resto da cidade.
Pois cada centímetro desse morro tem um sonho que deixaram cair.

Os sonhos que caíram do colo do suicídio
E da mente das pessoas que mentem e negam suas raízes.
Elas que vivem de momentos e se matam devagar.
Um longo suspiro, então eu e minha nêga voltamos a sambar como fazemos todos os sábados.

sábado, 19 de maio de 2012


Acinzentado e sem conhecer o sol.
Acidentado e cheio de marcas.
Acendeu a fogueira e o calor do meu corpo.
Afagou meu corpo nu e nunca me julgou.
Afogou a minha tristeza.
Armou a barraca e acendeu novamente a fogueira.
Amante do ar.
Amadora no jogo da vida. Quer dizer, ela era nova em toda essa questão de respirar.
Armadora de sonhos.
A mando de Deus.
A morena mais linda que passou por mim.
Amei chorar ao lado dela.
Ameacei por várias vezes ir embora, mas não consegui.
Amassando meu ego. Que doce massagem eu sentia!
Acredito que um dia passaremos a ser um só.
Acredita em mim?
Amanhã vamos ver o sol nascer.
Aquela doce lembrança da pureza vai ficar flutuando.
Amor, mais uma vez lhe digo.
Amar você é algo loucamente louco.
Arde e faz bem.
A última reza e a última carta.
Amém. O infinito é nosso.
Amém.

sábado, 12 de maio de 2012

Laços, flores e dinheiro.

O piano estava desafinado e os sorrisos também. Uma sala coberta por joias com pessoas cobertas por joias com suas joias cobertas por joias. Uma criança chorava ao meu lado, senti vontade de chorar junto, mas minha mãe iria brigar se eu borrasse a maquiagem.
Um salto tamanho 33 e um colar que pesava em meu pescoço (posso dizer que pesava tanto quanto os pecados sobre a cabeça de um arrependido). No salão, as pessoas sorriam e tomavam veneno. Eu tentei tomar, mas disseram que crianças não podem tomar vinho.
Meia hora de festa. Voei ao som de valsa.
Uma hora de festa. Toquei o céu ao som de Ballet Clássico.
Duas horas de festa e fui vendida a pianistas e banqueiros.

Tudo bem, eu não consigo ficar muito tempo ao lado de pessoas como aquelas, fui até o quarto dos meus pais procurar a mamãe. Entrei devagar, ela estava no telefone dizendo: 'E o nosso laço, ainda está de pé? Não, eles não vão descobrir. Sei bem o que estou fazendo. Pode matar, é só mais um filho da puta indo embora. Viva o nosso laço!’.
Engraçado, sempre pensei que laços eram coisas que enfeitavam coisas de meninas, mas mamãe me mostrou que não. Eu passei por várias noites como aquela e assim descobri como as pessoas são ruins. Os laços são pactos para conseguir dinheiro. Ao enterrar pessoas, eles jogam flores para que o adeus se torne algo mais bonito. Laços, flores e dinheiro. Enterrar as vidas que se vendem nesse laço e morrer ao som do piano.
A vadia está folheada a ouro e a mulher em um saco de papel. Dentro de todas aquelas damas existe algo tão ruim que jamais eu iria me atrever a comparar com um animal. Se bem, que os dois são irracionais. E ainda sim acho que o animal vale bem mais.
Posso dizer que toda aquela alta sociedade é como a morte e que suas joias são como as flores que são jogadas. Pois ambos estão ali amenizando as cores vazias e sem rumo que existem e fazem mal.

A menina da solidão azul. Laços, flores e dinheiro
Cindy Ximenes.

quarta-feira, 9 de maio de 2012


Me jogue na cama mais uma vez.
E ao som de qualquer banda texana, volte a rasgar o meu corpo.
Tudo bem, eu não me importo.

Você está sorrindo, então eu não preciso de mais nada.
Não precisa me pedir perdão.
Afinal, tudo o que sou hoje é graças a você!

Arranque minha pureza com os dentes, assim como fez a primeira vez.
Já disse não me importo!
Mas por favor, não chore.
Não chore, eu estou aqui!

Sabe, mesmo que a natureza tenha a bondade de refazer meu ventre.
Mesmo que os anos me façam mulher.
Mesmo que a vida refaça meu corpo.
Você ainda vai ser o primeiro e eu ainda vou agarrar a boneca que você arrancou dos meus braços.

Este corpo e esta alma são seus!
Por favor, prenda o meu cabelo e me ajude e ficar de pé.
Eu vou tomar um café amargo enquanto rezo por nós dois.

Eu imploro, destrua o que sobrou de mim.
Feche meus olhos e brinque comigo outra vez.

Ah sim, me responda uma coisa.
Por que eu sangro desse jeito?
E você, ainda está sorrindo?
Tudo bem, isso é tudo que eu preciso saber.

Feche meus olhos.
Prenda minha respiração.
Segure minhas mãos e alise meu corpo.
Sou sua boneca...

Em uma noite fria e sem estrelas, sentei em uma mesa de bar e comecei a me matar aos poucos. Vinhos, licores, conhaques e cigarros. Afinal, eu não estava com pressa. 
Ao esfregar os olhos vi as mais diversas imagens de minha vida. Fechei os olhos e respirei fundo. Quando abri, vi uma vendedora de flores. Gritei pedindo que viesse ao meu encontro. Ela parou do meu lado, curta e grossa perguntou quantas flores eu iria comprar. Respondi:

- Compro todas se quiser. Mas também quero companhia.
- Por que eu faria isso?
- Eu preciso de uma amiga e você precisa de dinheiro.
Ela estendeu a mão - Cinquenta reais.
- Isso é um sim?
- Eu não sei. Você vai pagar?
- O dobro se quiser...
- Ótimo!

Dei o dinheiro a ela e pedi que sentasse ao meu lado. Segurei sua mão e em lágrimas disse:

- Preciso desabafar! Eu não aguento mais!
- Tem alguém com quem queira conversar?
- Não.
- Então me conte. Não nos conhecemos mesmo...
- Sabe, uma pessoa me faz muito mal.
- O que essa pessoa faz?
- Me engana, me sufoca, não me cuida e me deixa só - Um gole de licor de menta desceu seco junto com minhas palavras.
- "Não me cuida?" Oh meu Deus! Prossiga...
- Não me deixa viver, não me deixa ter amigos, não me deixa ser feliz...
- Que ser humano imundo! Por que não se afasta?
- Ele não é imundo. Ele tem medo e também sofre.
- Não entendo você. Ah e como se chama?
- Charles. Enfim, obrigado por tudo.

Levantei e fui pagar o bar, quando voltei ela ainda estava ali.

- Esqueceu algo?
- Aqui estão suas flores Charles...
- Obrigado.
- Me desculpe perguntar, mas quem é ele?
- A pessoa mais miserável que você possa conhecer.
- Quem?
- Eu...

Fui andando sem olhar pra trás e em lágrimas confessei pela segunda vez como me faço mal e como me faço prisioneiro de mim mesmo.



Cindy Ximenes.

sábado, 5 de maio de 2012

Amando e Armando.
Amando? Apenas uma vez.
Meu tio levantou o copo diante de todo o bar e disse: 'estou a mando do diabo!'.
Amando...

O violeta dos teus olhos viola os meus sentimentos.
Me faz brincar com palavras que não conheço.
Então, não vamos ser violentos...
Não chore, vamos violar a tristeza!

Pediram.
Mandaram.
Ordenaram.
Os nossos versos... Ah, eles querem que fiquem bem longe.

Amamos e armamos.
Violentamos a existência.
Comemos corações e bebemos sangue.
E tudo isso ao som de Guns, minha doce criança!

Amigos, irmãos, aliados...
A melhor coisa que foi feita na pior espécie.
Não desperdice e não vá.
Amar e armar não são coisas dignas de mais ninguém.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Escuridão

Ela acorda assustada sem saber aonde está, histérica, com medo não consegue concentrar sua visão e seus nervos estourando leva tempo até descobrir que está presa em uma cama, começa a gritar coisas sem sentido, ela quer apenas ser ouvida por alguém e depois de um tempo gritando logo vai se acalmando, mas quando seu cérebro enxerga aquela situação seu corpo volta a agir sem saber o que fazer ela está em uma daquelas camas de hospício, mas não lembrava de ter ficado louca, até lembrava da sua pacata vida como atendente de supermercado, mas aquilo.. ela não se lembrava daquilo ou de como foi parar ali, tudo o que ela desejava era se livrar daquelas prisões que a aprisionava a aquele quarto, e depois de conseguir trazer um pouca da calma e da lógica que geralmente lhe falta, ela observa aquele quarto, aquele imundo quarta onde estava, uma grande mancha preta na parede causada por talvez uma infiltração, aquele cheiro de mofo e de hospital que estava ali quase a fazia vomitar, mas como sempre estava almoçando na açougue do mercado já tinha o estômago treinado, uma porta de ferro bem em frente aos seus pés estava meio aberta, com medo de que o ser que a prendeu ali volta-se e fizesse aquelas coisas que eles mostram em filmes de terror e suspense ele começa a calmamente tentar fugir, se estive-se com a mente mais calma antes teria percebido que a mão magra dela poderia  sair dali com um pouco de esforço e um jeito especial. Após conseguir soltar a mão direita ela logo consegue se soltar e quando ia se levantar da cama ela percebe algo novo.. tem um cabo enfiado no meio da testa dela, não é bem um cabo e como um daqueles soros de hospitais e ela começa a puxar o cabo, e como nos soros esta com uma agulha enfiada na testa e com medo, e angustia, lentamente começa a tirar a agulha e quando mais puxa, maior se mostra a agulha e como se fosse nada a agulha finalmente saí.. uma agulha bem grande quase do tamanho da mão dela, e quando ela se levanta mal consegue ficar de pé, não sabe a quanto tempo está ali e quando tempo seu corpo está privado dos nutrientes e exercícios e sem conseguir ficar de pé direito vê um espelho em cima da cabeceira da cama, um espelho bem sujo mas com 2 esfregões com a mão parecia novo e quando a mulher olha no espelho ela está bastante surpresa, e a sua mente logo pergunta - quem é essa? - cabelos bem maiores que os dela, e uma cara ranzinza de velha.. ela tinha apenas 22 anos, aquela mulher parecia ter 50 anos e com o susto seus nervos ativam novamente e em um impulso rápido, se levanta e vai em direção da porta a com dificuldade ela consegue abrir aquela porta que  nem parecia ser tão pesada e logo quando ela sai do quarto ela leva um susto, ela está em um grande corredor cheio daquelas mesmas portas.
Em estado de pânico tenta sair dali, mas os corredores não pareciam ter fim, após andar aproximadamente 200 metros ela pára e olha para o lado, e vê um quarto com uma porta aberta, e quando entra no quarto, logo reconhece aquele mancha na parede e o espelho que havia acabado de limpar mas havia algo ali que ela não havia percebido antes, um jornal estava jogado no chão do outro  lado da cama, logo após pegar o jornal ela se vê surpresa, não entende uma palavra do que está escrito, nunca havia visto aqueles símbolos antes, mas uma coisa ela reconheceu.. a data 01/05/2052, logo o pânico volta, a última lembrança dela era a festa de natal de 2012, ela começa a amassar o jornal tentando achar alguma pista de o que estava acontecendo e em uma página qualquer ela vê uma foto de uma outra pessoa no mesmo estado em que ela estava, mas não sabia ler o que era aquilo e logo se vira para fugir, mas é surpreendida com duas pessoas atrás dela, usando roupas estranhas, parecendo aquelas roupas tóxicas, e ela vai até o canto do quarto e em desespero quebra o espelho e pega um pedaço para se defender, e com tanta força que ela segura aquele pedaço de espelho faz um grande corte em ambas as mãos e o sangue logo começa a jorrar. mas quase como a inutilidade do ato, ela logo desmaia sem forças para continuar.
Ela acorda assustada, histérica mas calma, um senhora, bem velhinha, não tinha forças para se debater, apenas murmurava por ajuda.. e com calma e precisão a senhora consegui tirar uma das mão das correntes que a prendia naquela cama e com muita dificuldade e dor nas costas consegue soltar a outra mão, após perceber a agulha na testa ela a tira como se fosse nada e quase desistindo aquela fraca senhora consegue se sentar na cama ele deveria ter uns 90 anos e já não sabia bem o que fazer e com uma calma visualização do cenário ela vê um espelho em cima da cabeceira da cama, mas  ele está quebrado e quando ela vai tentar limpa-lo para poder se reconhecer ela vê uma grande cicatriz em ambas as mãos.

                                                                                                                                   Jonas Baldsom.