domingo, 8 de julho de 2012

Os religiosos estão segurando pedras, eu estou com muito medo.
Se Jesus pregou o perdão, por que eles estão me atacando desse jeito?
O menino que está ao meu lado não para de chorar, talvez ele conheça o pecado de estar sorrindo.
Sabe meu menino, se em algum momento eu pudesse usar a razão, não iria te colocar nesse Mundo.
'Quem nunca errou que atire a primeira pedra'. Eu gritei o mais alto que pude e em questão de segundos, pedras voaram.
Ei meu menino, não chore. Eles são cruéis e você está apenas começando.
Se acalme, eu estou em frente as pedras, nem uma delas vai te machucar.
Estou sangrando demais...
Ei meu pequeno, você sabe de algo? Sente medo de alguém?
Eu preciso levantar.
Realmente, eu preciso levantar!
Diante de tanta maldade, de tanta hipocrisia e de tanta fuga na cor dos olhos, eu apenas observo.
O sol inventa um ponto de fuga e se esconde atrás de tanta mediocridade.
Com o meu menino nos braços eu saio correndo atrás da primeira sombra.
Não passamos de pecadores.
Pecadores com sonhos, com vida e com sorriso no rosto.
Sabe a fuga na cor dos olhos? Eu sinto que a culpa é minha.
Só o meu menino conseguiu olhar fundo e viajar na poesia que reina no meu olhar.
Sabe menino, vamos seguir.
Diante de pedras, bíblias e religiosos.
Um carro vermelho e muitos pecados na bolsa.
Vamos acender mais um cigarro e fugir. Eu tenho você e você tem a mim, acho que nada mais importa.

segunda-feira, 2 de julho de 2012


- Alguém sempre vai chorar...
- Charles, já disse que não quero mais falar sobre finais felizes!
Gritei e voltei a lixar as unhas.
- Sério. Você tem que escolher prioridades em sua vida.
- Aqueles que eu não quero fazer chorar?
- Isso!
- Parabéns, você filosofou Charles!
- Obrigado Megan. Amanhã vou levar você na Praça Diluna.
- Não! - Levantei e fui ajeitar a maquiagem - Estou indo embora.
- Por quê? Megan, você passou a semana toda na cama chorando e dizendo estar doente. É...
- Não sabe o que dizer, certo?
- Megan, você vai mesmo embora?

Os olhos dele estavam lacrimejando! Sei que é difícil acreditar que por dentro eu estava me sentindo mal, mas eu precisava ir embora. Os olhos dele me imploravam! Imploravam e diziam coisas. Eu sabia que precisava ouvir aquelas coisas, por isso fugi de seus olhos o tempo todo.

- Vou sim. Eu precisei de você, você me ajudou. Agora estou bem e vou embora, simples assim!
- Megan... - Ele prendeu a respiração e ficou vermelho. Ficou de olhos fechados por segundos, acho que iria me dar um tapa - Posso dizer uma coisa? - Ele conseguiu fixar os olhos nos meus.
- Diga - Eu já estava em desespero, fiquei realmente com medo de me entregar e me apaixonar por aqueles olhos.
- Se você só me quer ao seu lado quando está mal. Desculpa Megan, mas agora eu só vou desejar isso a você. Seja muito infeliz!

Fiquei envergonhada. Não consegui mais olhar em seus olhos.
- Alguém sempre vai chorar Charles...
- E quem é sua prioridade?
- Não tenho isso. Até mais...

Eu fugi do Charles por uma semana e finalmente entendi o que ele quis dizer. Eu chorei muito! Não por sentir algo, mas... Quer dizer, sim eu sinto algo por ele! Será que voltar e pedir perdão adianta?
Claro que não!
E se o Charles pudesse me ouvir? Não, ele não quer ouvir.
Depois de uma semana com o telefone desligado, lágrimas infinitas, remorso e cigarro eu resolvi dar uma volta.
Não vou mentir que fui com a intenção de ver o Charles.
Fiquei sentada na Praça Diluna por horas e nada...
Mas nada de ir embora! Eu vou esperar por ele!

- O que faz aqui?
- Charles! Você por aqui?
- Sabe que sempre sento aqui a essa hora.
- Não lembrava!
- Claro! Vou indo então...
- Não! Charles, vem cá!
Ele sentou ao meu lado.
- Diga...
- Uma amiga minha ama um cara e não sabe como dizer.
- O cara também sente o mesmo?
- Não sei, sente?
- Ele senti sim. Sente a ponto de perdoar. - Ele sorria como uma criança - Ele sente até demais!
- Acha que ela deve dizer?
- Ela é orgulhosa demais pra isso. - Ele levantou e estendeu a mão - Vamos pra casa?
- Pra sua casa?
- Pra nossa casa Megan!
- Nossa casa?
- Isso - ele sorriu de canto - Vamos?
- Claro! Só queria perguntar uma coisa antes de ir...
- Diga.
- Quem chorou com esse final todo?
- Eu. Chorei de alegria por saber que...
- Não Charles, você não sabe nada! Vamos...

Os Ruídos de uma Deusa.
Charles.
Cindy Ximenes.