Viver
apenas de momentos alegres é um suicídio.
Meu pé de
valsa calça um coturno, você tem medo de mim por isso?
Eu não
sou menos homem por amar e fazer algo tão colorido.
Minha
felicidade é diante de uma vida toda.
Eu sou
brasileiro e de pele negra.
Eu subo o
morro ao som de samba.
Eu me
sinto diferente onde moro, mas também não nego a minha raiz.
Eu fico
sem camisa na rua e jogo futebol toda sexta.
Tem medo
de mim?
Claro que
não! Você adora esse perigo das vielas que existem onde moro.
Você
adora essa loucura do morro.
E contempla
meu sangue de preto.
Então
minha nêga, não negue o que sinta por mim.
Não negue
que seu sangue tem cor de tinta de caneta e que mancha a mão de quem alisa seu
corpo.
Minha
nêga, não esqueça que eu estou aqui contigo.
Vamos
pegar o cavaquinho e tocar mais uma canção de amor.
Ah preta,
vamos sambar em cima da laje.
E daqui
da laje vamos ver o resto da cidade.
Pois cada
centímetro desse morro tem um sonho que deixaram cair.
Os sonhos
que caíram do colo do suicídio
E da mente
das pessoas que mentem e negam suas raízes.
Elas que
vivem de momentos e se matam devagar.
Um longo
suspiro, então eu e minha nêga voltamos a sambar como fazemos todos os sábados.
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