domingo, 27 de maio de 2012


Viver apenas de momentos alegres é um suicídio.
Meu pé de valsa calça um coturno, você tem medo de mim por isso?
Eu não sou menos homem por amar e fazer algo tão colorido.
Minha felicidade é diante de uma vida toda.

Eu sou brasileiro e de pele negra.
Eu subo o morro ao som de samba.
Eu me sinto diferente onde moro, mas também não nego a minha raiz.
Eu fico sem camisa na rua e jogo futebol toda sexta.

Tem medo de mim?
Claro que não! Você adora esse perigo das vielas que existem onde moro.
Você adora essa loucura do morro.
E contempla meu sangue de preto.

Então minha nêga, não negue o que sinta por mim.
Não negue que seu sangue tem cor de tinta de caneta e que mancha a mão de quem alisa seu corpo.
Minha nêga, não esqueça que eu estou aqui contigo.

Vamos pegar o cavaquinho e tocar mais uma canção de amor.
Ah preta, vamos sambar em cima da laje.
E daqui da laje vamos ver o resto da cidade.
Pois cada centímetro desse morro tem um sonho que deixaram cair.

Os sonhos que caíram do colo do suicídio
E da mente das pessoas que mentem e negam suas raízes.
Elas que vivem de momentos e se matam devagar.
Um longo suspiro, então eu e minha nêga voltamos a sambar como fazemos todos os sábados.

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