segunda-feira, 30 de abril de 2012


Ela sopra veneno.
Ele respira veneno.
Poderíamos até começar uma estória sobre 'Ele e Ela'
Mas não iria ter um final feliz.

Ele reza e ela diz amém.
Ele corre e ela espera.
Ele ama e ela odeia.
Ele nem sabe quem é ela.

Ele canta Beatles
Ela canta Ramones
Ele é feio
Ela diz que não.

Eles entraram de mãos dadas na garagem.
Ligaram um som que só tocava uma música
E ao som daquela música texana, eles dançaram Valsa.
Ele disse que a amava...

Meia hora depois ele estava chorando
Ela nunca existiu.
Quer dizer, não naquele momento.
Ela já havia partido e ele não aceitava.

O vento soprou e levou sua camisa para dentro da floresta que cercava sua casa.
Ele foi atrás.
Ele se deparou com uma árvore
Aquela mesma árvore foi testemunha do amor dela por ele.

‘Eu escolhi você’.
Ele chorou
Pegou o carro e parou em um colégio.
Uma menininha de pele morena e olhos negros abraçou suas pernas
‘papai eu te amo’.

Ele retribuiu os sorrisos e os abraços.
Fechando a porta do carro, sentiu um vento bem forte que dizia ‘está na hora de amar’.
Uma mulher se aproximou do carro e se apresentou como professora.
O vento bateu entre as folhas e disse novamente ‘está na hora de amar’.

O espírito de renovação tomou conta dele.
O mesmo espírito que passou a vida toda ao seu lado
O espírito que cantava Ramones e odiava o Mundo.
O espírito infinito de alguém que sempre vai amá-lo.

                                                                                                   Cindy Ximenes.
                                                                                                           

domingo, 29 de abril de 2012

Vermelho Luz

O som dos latidos ecoando a noite, fazem as luzes dos apartamentos caros se acederem, assim como as estrelas iluminam o céu as luzes serviram para melhor visualizar a próxima catástrofe daquela rua chique de apartamentos caros aonde de tudo
 acontecia. Wesley, um taxistas comum que buscava apenas o sustento da sua família trabalhando nas madrugadas para poder dar aos filhos aquilo que ele não teve, após a sua rotineira bebida cafeinada com leite lá vai ele tentar a sorte em uma dessas ruas da cidade onde as pessoas são mais providas, o pobre coitado não sabia que iria cair em uma das maiores armadilhas humanas, ao pegar mais um passageiro que estaria de passagem pela noite buscando a tão amada adrenalina, o pobre Wesley quando chega ao ponto de luxo aonde o passageiro iria descer é surpreendido quando o rapaz diz que não tem dinheiro.
As luzes que antes eram de apartamentos iluminando as ruas, agora são tornaram as luzes vermelhas das viaturas policiais deixando aquele cena cada vez mais diabólica, um menino em um dos apartamentos que acordou por causa do barulho via toda aquela rua envermelhada e não entendia bem o que se passava por ali e com a velocidade e calma com que os homens fardados agiam um homem fugia dentro de um táxi, sem saber o que fazer, sem saber aonde ir, aquela luz forte que batia no pará brisa toda vez que ele virava a esquina fazia com que o sangue - que está dentro dele - corresse mais rápido, mas não tão rápido quanto ele corria naquela madrugada, em uma das viradas bruscas cada vez mais monótonas ele percebe que tem uma viatura na sua cola e com um olhar forte pelo retrovisor ele busca a fuga a frente ou quem sabe pela lateral e como aqueles momentos que simplesmente acontece, ele bateu, com tanta força que o carro deu 3 giros no ar antes de tocar o chão e com a estrada da tragédia que foi a qual ele escolheu, o carro foi em direção de um sujeitinho que estava apenas voltando de uma bebedeira comemorando pois passou na faculdade, assim como o antes que aconteceu na rua chique mais uma rua ficou iluminada pela vermelhidão sangrenta noturna.


                                                                                                                                                                Jonas Baldsom.

sábado, 28 de abril de 2012

Meu corpo tem cor de medo
Cheiro de menina
Formas de mulher
E lábios de saudades.

Meu corpo se rasga todas as noites
Afagado e maltratado por fios prateados
Desmaia ao som de Jazz
E acorda ao som de Punk Rock.

Meu corpo agrega um sorriso rosa
Que escondo para que ninguém roube.
Meu corpo agrega um sentimento puro
E esse mesmo está exposto ao escuro dos olhos alheios.

Meu corpo é feito de sentimentos,
Lembranças ruins,
Muito nojo
E um par de seios.

A vulgaridade acaba de me abraçar pedindo que eu termine o poema.
Meu corpo não gosta desse poema.
Meu corpo não gosta de ficar exposto desse jeito.
Mas e eu?
Eu não posso ir contra o meu corpo...

Termino o sinal da cruz.
O último cigarro vira cinza.
'Fear still beside me. Just so I do not feel alone.'
                                                                                         Cindy Ximenes.

sexta-feira, 27 de abril de 2012




Somos a Doença do Mundo.
E mais uma vez estamos aqui.
Nesse mesmo campo de batalha.
Nessa mesma crença ridícula.
Nesse mesmo sorriso falso.

Quando você mira em algo.
Quando você atira.
Quando você faz alguém sangrar.
Eu me machuco também.

Homens morrendo.
Crianças chorando.
Pessoas lutando.
Eu, escrevendo na terra que ainda resta.

Mulheres morrendo.
Outras crianças chorando.
Homens lutando.
Eu, chorando a beira do mar.

Duas horas de guerras.
Rebeldes e insanos morrendo.
Sento na areia e observo o mar.
Então, começa a chover.

Você passa por mim.
Deita e começa a gemer de dor.
Por que não implora ajuda?
Implore! Eu ajudo você se quiser.

Você não precisa de ajuda, certo?
Pois é, a chuva passou.
Eu também vou embora.
Vou correr a beira mar.

Os tiros voltam.
As pessoas se jogam no chão.
Eu abro os braços e me atiro no mar.
Um longo mergulho e mil sentimentos!

Me jogo na areia.
Minhas lágrimas descem junto com desespero.
Eu prometo esquecer você.
Escrevo seu nome na areia, torcendo para que o mar leve embora.

Fazendo o sinal da cruz.
Levantando e começando uma nova vida.
Depois de um soluço.
Vejo seu corpo jogado na areia... Cindy Ximenes.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Eu sou a doença
Eu sou a doença incurável
A doença rara
A doença que o ser humano desconhece.

Eu sou digna de nojo
Irmã da derrota
Fã do perigo
E mãe da desgraça.

Eu não sei fazer poemas
Não sei lavar o rosto
Não sei passar batom.
Desaprendi algumas coisas ontem.

As encruzilhadas gritam o meu primeiro nome.
As oferendas são dedicadas a meu útero.
Você não pode me ver, mas reze para que eu fique longe.

As cores que te cercam
Os perfumes que te usam
O dinheiro que jorra de suas mãos
Você não sabe, mas tudo o que faz te leva pra perto de mim.

Bebendo o vinho de cinco reais e rindo das pessoas que passam na rua.
A droga liberta o meu 'eu' e o meu 'não eu'.
Voltamos a rir.
Os olhos vermelhos atiram na polícia e a garrafa vira uma boneca que abraçamos sem pudor algum.

Um brinde a nós!
Miseráveis que cutucam a espécie humana a todo tempo.
Um brinde a nós!
A doença que jamais será curada.
Continuaremos sorrindo enquanto o seres humanos vão se matando devagar...


                                                                                                                                                Cindy Ximenes.