quinta-feira, 26 de abril de 2012

Eu sou a doença
Eu sou a doença incurável
A doença rara
A doença que o ser humano desconhece.

Eu sou digna de nojo
Irmã da derrota
Fã do perigo
E mãe da desgraça.

Eu não sei fazer poemas
Não sei lavar o rosto
Não sei passar batom.
Desaprendi algumas coisas ontem.

As encruzilhadas gritam o meu primeiro nome.
As oferendas são dedicadas a meu útero.
Você não pode me ver, mas reze para que eu fique longe.

As cores que te cercam
Os perfumes que te usam
O dinheiro que jorra de suas mãos
Você não sabe, mas tudo o que faz te leva pra perto de mim.

Bebendo o vinho de cinco reais e rindo das pessoas que passam na rua.
A droga liberta o meu 'eu' e o meu 'não eu'.
Voltamos a rir.
Os olhos vermelhos atiram na polícia e a garrafa vira uma boneca que abraçamos sem pudor algum.

Um brinde a nós!
Miseráveis que cutucam a espécie humana a todo tempo.
Um brinde a nós!
A doença que jamais será curada.
Continuaremos sorrindo enquanto o seres humanos vão se matando devagar...


                                                                                                                                                Cindy Ximenes.

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