quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Vampira que cozinha seios

Era uma vez, eram duas vezes, eram três, quatro vezes...

* Um príncipe que resgata uma princesa a cada dois meses.
* A vampira que cozinha seios
* Princesas que usam saia de borracha
* Príncipes viciados em cigarro
* Costureiras frustradas
* A fada vagabunda

Dez horas e vinte e cinco minutos.
Terra do Sol Gritante.

Cinco novos vestidos na vitrine. As costureiras conseguiram se manter firme até o momento em que o homem mais bonito da cidade passou. O mesmo homem que arruma uma nova "mulher de sua vida" a cada dois meses.
E além de toda sua beleza e de sua linda voz, ele sabia criar lindos poemas.
Quando entrava na cidade em seu belo carro ao som de Rock Clássico, as mulheres da cidade paravam. Quer dizer, quase todas. Mas não pense que a mulher que se faz indiferente gosta disso. Ela só não pode sair de casa, afinal ela não quer ser apedrejada ou queimada na fogueira.

Dez horas e trinta minutos.
Castelo do Sol Gritante.

Hard Rock no rádio e princesas totalmente descontroladas.
A fada que já estava semi-nua comandava o som e todos dançavam em meio a cigarros e bebidas fortes.
O belo príncipe entra e consegue fazer com que toda a festa pare e olhe seu belo sorriso.

Dez horas e trinta minutos
Caverna que fica do outro lado da cidade.

- Vampira?
- Pois não...
- Meu nome é Julieta, sou noiva e futura esposa de Juan.
- Juan não seria o príncipe mais desejado da Terra do Sol Gritante?
- É sim, vamos nos casar amanhã.
- Felicidades princesa! O que posso fazer por você?
- Quero que faça um feitiço. Quero que Juan me ame para sempre!
- Eu não sou uma Bruxa, sou uma Vampira. Eu não faço feitiços. Santa ignorância! O máximo que eu poderia fazer é matar todas as demais e ai só iria sobrar você.
- Adorei a ideia! Pode fazer isso?
- Claro que não! Está louca princesa?
- Não, louca está você! Tem que matar todas as mulheres do reino e se matar também. Eu tenho que ser a ÚNICA mulher. Assim o Juan vai ter que ficar comigo pra sempre.
- Princesa... - um sorriso - Quer minha ajuda, não?
- Claro que sim!
- Que tal dar uma passada no Castelo do Sol Gritante?
- No Castelo da Fada?
- Sim, vai ter uma bela surpresa quando chegar lá.
- Espero que sim...

Dez horas e quarenta e cinco minutos
Castelo do Sol Gritante.

Um grito que consegue parar com toda a festa.
Julieta não acredita que seu futuro marido está beijando outra. E essa "outra" com certeza não era qualquer "outra". Mais bonita, mais avantajada e com o mesmo sangue de sua mãe. Sua irmã, uma das vadias da cidade estava ali aos beijos com seu ex/futuro marido.
O casamento é cancelado, a princesa se desmancha em lárgimas no segundo andar.
Já no primeiro andar, todos comemoravam a nova fase na vida do príncipe Juan...

Outro dia maldito, cinco horas e trinta minutos.
Caverna que fica do outro lado da cidade.

As costureiras chegam com uma capa vermelha e entregam a Vampira que estava cozinhando um novo par de seios.
As costureiras a elogiam e tentam lhe agradar, mas a Vampira age como se não pudesse ouvir.

- Vampira, nós só queremos mesmo é agradecer. Graças a você, Juan não vai mais se casar com Julieta! Amamos você! 

As costureiras retiram-se.

Naquela mesma hora...
Castelo do Sol Gritante.

Príncipes de outros lugares tocavam. O mais velho fazia um impecável solo de guitarra.
Princesas ficavam nuas e aquela festa parecia que nunca iria ter um fim.

Uma semana maldita depois, quatorze horas e vinte minutos.
Castelo do Sol Gritante.

As luzes da festa se apagam por minutos. Silêncio...
Quando as luzes acendem, a banda não está mais ali.
E onde será que poderiam estar? Isso é um fato importante, não mais importante que Juan. Ele estava com uma marca. A marca da Vampira que cozinha seios. Todos ficam desesperados e tentam ajudar a limpar aquele sangue, mas ninguém consegue!

Caverna do outro lado da cidade.
Cinco minutos depois...

A Vampira mata todos os homens da banda e chupa o sangue. Corta os seios e começa a cozinhar.
E por que seios?
Seios são como armadura, são dos seios que saiem o primeiro alimento do homem (claro que esses seios, são seios femininos). 
Cozinhando seios e cantando Pop Rock. E não é que ela era feliz? 
Quando termina de cozinhar seus novos pares de seios, ela recebe uma visita.

- Vampira!
- O que faz aqui Fada?
- Você precisa limpar Juan!
- Limpar? Por que eu faria isso?
- Não, você já fez algo! Como teve coragem de sujar o homem mais lindo que já existiu em nossas terras?

Vampira senta-se a mesa e começa a comer os seios.

- Vampira! Precisa fazer algo!
- Aceita? São os seios da sua banda...
- Você não vale porra nenhuma!
- Eu? Ah claro, eu sou a vagabunda! Fada, não me faça rir.
- Limpe o príncipe. E se o seu medo for se apaixonar por ele, pode ficar calma. Você não tem sentimentos e mesmo que sentisse algo, ele jamais iria querer algo com uma criatura tão feia como você.

A Fada vai embora...

Dia seguinte, vinte horas e quinze minutos.

- Vampira?
- Ta legal, eu vou colocar uma porta nessa porra. Quem é?
- Juan, posso entrar?
- Já está dentro, não? O que deseja?
- Preciso que retire essa marca.
- Por que eu faria isso?
- Estou implorando...
E por minutos a Vampira encontrou os olhos de Juan. E naqueles minutos ela sentiu algo gostoso como um poema de amor...
- Vampira? Por favor! Tire esse marca de mim...
- Espere, estou cozinhando agora. Aliás, por que não fica pra jantar comigo?
- Tudo bem...

A Vampira não acreditou que o lindo príncipe aceitou sua companhia! Era algo totalmente surreal...
Que surpresa! Que bela surpresa! 
E ela nem sabia que aquela seria a noite de belas surpresas...
Enquanto a Vampira cozinhava, o príncipe ficava lendo seus poemas nas paredes sujas daquele lugar que todos chamam de Caverna.

- O jantar está na mesa Juan.
- Obrigada Vampira...

Os dois sentam-se a mesa e jantam em silêncio.
O último gole de vinho é tomado.

- Então, vamos tirar essa marca e você pode ir embora...
O príncipe anda em direção a vampira e abraça forte.
Eles ficam minutos assim, sem dizer uma palavra.
Ele tira a fita que segura o longo cabelo da Vampira e começa a dizer:

- A minha solidão vai se tornar amiga...
A minha solidão vai se tornar amiga...
Esse lugar não é meu.
Estou preparada para foto do adeus.
Esse lugar não é meu.

A vampira larga dos braços de Juan.

- Como pode ler as minhas coisas?
- Desculpa, eu não...
- SUMA DAQUI! SERÁ AMALDIÇOADO PARA SEMPRE!

Castelo do Sol Gritante, vinte minutos depois.

Juan chega em lágrimas e vai dormir.
No segundo andar, lágrimas de princesas largadas por Juan e lágrimas de Juan por ser jogado na rua pela primeira vez.
No primeiro andar, festa ao som de Hard Rock.

Dia seguinte, aquela mesma hora.
Uma rosa na Caverna da Vampira.
Durante um mês, todas as noites ela recebia rosas...

E no castelo, mais festas!
Mais mulheres nuas e loucas por Juan!
Mais Hard Rock...
Mais, mais e mais!
Acha que alguém sente falta de uma vampira? Claro que não! Ninguém pode sentir falta de algo que não teve...
E mesmo com a marca da Vampira, Juan ainda era o homem mais bonito.

Um mês e meio depois.
Lar das costureiras.

Vampira bate na porta, mas ninguém atende. Estranhou aquilo estar fechado, afinal aquela casa sempre estava aberta. Tenta a porta de trás e pela janela vê Juan na cama com uma das costureiras.
"Maldito seja Juan!" disse ela sem controlar as lágrimas...

Naquele mesmo dia mais tarde.

- Vampira!
- É, eu preciso de uma porta... O que você quer Fada?
- Que tal uma vista em meu castelo?
- Não, obrigada.
- Ah vai sim!

E com um estalo de dedos, Fada consegue com que Vampira adormeça.
E ela acorda em um quarto do castelo. Nua e cheia de rosas em volta de seu corpo.

- Bom dia minha linda Vampirinha! Está com fome?
- O que estou fazendo aqui? - Ela tenta levantar, mas não consegue - Me deixe em paz Fada!
- Não, não! Hoje vamos dançar Hard Rock!
- Fada me deixe em paz!
- Mais tarde... Agora é hora de festa!

Cinco minutos depois no salão de festas do castelo.

- Meus queridos, muitas palmas para a nossa querida Vampira!
Todos batem palmas e ficam rindo.
- Vamos Vampira, cante! Hoje é dia de festa!
- Prefiro morrer!
- Morrer e depois ter seus seios devorados por sua mãe? Gostei!
- Minha mãe?
- Vamos jogar a Vampira junto com as desgraçadas!

Um caldeirão que faz com que as vampiras lá dentro derretam.
Vampira é jogada ali e a festa continua.
Seus pés começam a derreter, suas pernas...
Ela desmaia.
Acredite, isso não é um fim.

Vampira acorda em sua caverna.
Com roupas e sem nenhuma ferida.
Juan estava ao seu lado.

- Foi você?
- Sim, fui eu... Pode tirar a marca?
- Claro.

Ela levanta e pega o pano, passe em um gel azul e limpa o corpo do príncipe.
As marcas vermelhas somem.

- Pode ir, você está livre...

Juan tentou ir, mas não conseguiu. Então ele ficou ali por duas semanas. 
Duas semanas regadas a poemas, seios de moças, amores e vinho.
E a Vampira virou princesa!
Hard Rock romântico tocava e reinava em volta da fogueira.
Ela estava mais feliz ainda.

Os arco-iris cercaram a Caverna que mudou de cor.
Lá dentro da Caverna os sorrisos reinavam e lá fora as costureiras e princesas morriam de inveja.

Primeira noite da terceira semana. Eles adormecem juntos como de costume, mas na manhã seguinte...

Casa das costureiras.
Sete horas e quinze minutos.

- Juan, ela sequestrou mesmo você?
- Sim, ela é louca! Está apaixonada por mim, acredita?
- Nunca gostei dela! Que dó de você meu lindo...

A casa de costuras fecha e começa mais uma daquelas festas carnais.

Duas horas depois.
Castelo do Sol Gritante.

- Que louco Juan! A vampirinha apaixonada por você?
- É Fada! Que porra - risos - Mas estou aqui, de volta pra todas as festas!

Duas semanas de festas infinitas no castelo de Fada e choros infinitos na caverna de Vampira.

O inverno começa.
O príncipe fica noivo umas quarenta vezes em dois meses.
Todas as mulheres que ele amou (sim, ele amou) foram mortas com um tiro no peito.
E depois de enterradas, viraram alimento da Vampira.
E comer os seios que foram tocados por Juan virou consolo.
Durante dois meses ela comeu apenas os seios das mulheres que puderam ser amadas por Juan.
Até que um dia a Vampira adormeceu...
Juan conseguiu amar alguém e conseguiu ser feliz até o dia de seu casamento.
Penélope estava entrando no salão de festas com seu vestido de noiva, quando as luzes se apagam.
E quando acendem, todos estão mortos.
O coração de Juan virou um pingente de cordão e os seios dos convidados foram comida durante anos.
A vampira fez da pele de Juan um abrigo.
Dos seios, comida.
Dos olhos, amuleto.
E ela não precisou de mais nada...
Sua alma hoje caminha de mãos dadas com crianças.
E uma dessas crianças é Juan reencarnado.
E essa mesma criança está crescendo e aprendendo a amar do modo que não amou em outra vida. E a Vampira espera ansiosamente pelo dia que vai ser amada e rasgada pelas mãos no único homem que amou.

Um comentário:

  1. - Que louco Juan! A vampirinha apaixonada por você?
    - É Fada! Que porra - risos - Mas estou aqui, de volta pra todas as festas!

    Então vamos festeja ;)

    ResponderExcluir